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Inimigo meu, #Elenão! Servidoras públicas são o principal alvo da Reforma Administrativa de Bolsonaro
Abril 29, 2021
Políticas Públicas Defasadas, Desemprego e a Pandemia Covid 19 aceleram a Fome no Brasil
Maio 7, 2021Inflação média dos alimentos está acima de 15% e trabalhador precisa “ralar” 115 horas para comprar uma cesta básica. País revive a fome que fez surgir os movimentos populares dos anos 1970 e 1980
Por Verussa Ribeiro
Após alguns anos, a fome voltou a ser pauta séria no nosso cotidiano. Um momento semelhante aos vividos antes das grandes lutas nacionais de combate à fome e à carestia, e com a mesma gravidade para o trabalhador assalariado e para o desempregado. No Governo Bolsonaro, o cenário é alarmante: a inflação dos alimentos e valores dos serviços crescem e os movimentos populares veem o desafio de se unir e reviver campanhas de combate à fome como a luta contra a carestia.
Os números da fome
De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o custo de vida é medido pelos gastos da família, pois há diferenças de rendas.
As famílias de baixa renda estão com altos custos de alimentação. Nos últimos anos, o gasto com habitação também foi elevado e observamos um aumento considerável no preço dos serviços como água, luz e gás.
Entre fevereiro e março de 2021, o custo médio da cesta básica de alimentos diminuiu em 12 cidades e aumentou em outras cinco, de acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada mensalmente pelo DIEESE, em 17 capitais. Quando se compara o custo da cesta com o salário-mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social (7,5%), nota-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em março, na média, 53,71% do salário-mínimo líquido para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta. Em fevereiro, o percentual foi de 54,23%.
Efeito direto da política econômica dos últimos anos que a pandemia do novo coronavírus aprofundou ainda mais, colocando mais pessoas na vulnerabilidade.
Movimento do Custo de Vida (Luta Contra a Carestia)
O MCV, também chamado de Movimento Contra a Carestia, surgiu em salões de paróquias católicas nas periferias da zona Sul de São Paulo, para ganhar as ruas, escolas e fábricas. Foi capaz de mobilizar milhares de pessoas em torno de reivindicações que iam de encontro à política econômica defendida pelo regime militar, e coletou mais de 1,3 milhão de assinaturas em um abaixo-assinado que tentaram entregar ao ditador Ernesto Geisel, pedindo congelamento de preços dos alimentos. O movimento serviria de base para a mobilização da campanha contra a fome.
Ação da Cidadania
Fundada pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, a Ação da Cidadania nasceu em 1993, formando uma imensa rede de mobilização de alcance nacional para ajudar os brasileiros que estavam abaixo da linha da pobreza. Criada no auge do Movimento pela Ética na Política, a Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida se transformou no movimento social mais reconhecido do Brasil.
Betinho e várias personalidades denunciaram a fome e a miséria de milhões de brasileiros como os principais problemas do país. Foi a chamada “Carta de Ação da Cidadania”, que deu oficialmente origem ao movimento de Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida.
Siba mais: https://www.acaodacidadania.org.br/
Fome Zero
O combate à fome no Brasil se tornou uma realidade. A posse de Luiz Inácio Lula da Silva como Presidente da República, em 2003, deu início a um conjunto de iniciativas que buscou estabelecer o combate à fome como prioridade. A partir do Programa “Fome Zero”, uma sucessão de iniciativas e projetos mudou a feição do Brasil no que se refere à alimentação.
Frei Betto, um dos mentores das políticas públicas, respondendo a uma pergunta sobre a “conspiração do silêncio” que envolvia o tema da fome, esclarece: “Josué de Castro é o grande inspirador da política de segurança alimentar e nutricional lançada por Lula, através do Instituto Cidadania, em 1991. Esta campanha deu origem à campanha do Betinho e, mais tarde, ao Fome Zero. Josué de Castro nos ensinou a não combater a fome com assistencialismo. Fome Zero é uma importante política pública de inclusão social.”*
O Fome Zero foi um marco na história do Brasil, pois pela primeira vez em nossa história, um governo se dispôs a organizar uma estratégia de articulação de políticas em vários Ministérios para erradicar a fome.
*Com informações do site Ação da Cidadania e do livro Fome Zero: Uma História Brasileira
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