Trump e a verborragia do “se colar, colou”

Nos últimos dias, Trump tem feito declarações polêmicas, como afirmar que Gaza é um “empreendimento imobiliário” e que EUA serão donos. Também anunciou que pretende assinar um decreto contra os canudos de papel, dizendo: “volta ao plástico”. Além disso, ironizou Taylor Swift, após ela ser vaiada no Super Bowl, comentando: “noite difícil”. Concomitantemente, prometeu anunciar nesta segunda-feira (10) tarifas para todas as importações de aço e alumínio, uma medida que pode afetar diretamente um dos principais produtos de exportação do Brasil.

Esse volume de informações, torna difícil uma distinção do que é real ou do que seria uma distração para a imprensa, enquanto as verdadeiras intenções de Trump e seus aliados ficam no escuro e sendo prioridade.

Vale lembrar o que Steve Bannon disse ao programa “Frontline” da Public Broadcasting Service (PBS), rede de televisão americana, em 2019: “O partido da oposição é a mídia. E a mídia só pode, porque é burra e preguiçosa, só pode se concentrar em uma coisa de cada vez. Tudo o que temos que fazer é inundar a zona. Todos os dias nós os atacamos com três coisas. Eles morderão uma, e nós faremos todas as nossas coisas. Esses caras nunca serão capazes de se recuperar. Mas temos que começar com a velocida de inicial.”

Coincidentemente ou não, já que Bannon era considerado um mentor para a família Bolsonaro, essa estratégia corresponde, de forma idêntica, com o que o Brasil passou no período de 2019 a 2022. Assim, Bolsonaro proferiu declarações polêmicas que lhe renderam processos no Conselho de Ética na Câmara, diversos pedidos de cassação e condenações ao pagamento de multas por danos morais. Mas, no fim das contas, só queriam mesmo “passar a boiada”, como disse o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sales. E o que significou? Demissão de fiscais, anistia a desmatadores, censura e militarização são algumas das políticas ambientais realizadas.

Como jornalista, sinto uma inquietação sobre o rumo que o jornalismo tem tomado e penso que as publicações precisavam ter mais critério. Parece que, devido ao on-line, o jornalismo parece terperdido seus critérios mais rigorosos em busca de atenção de likes e engajamento. Não é possível que certas notícias, que claramente não tem fundamento, se tornem pautas relevantes.

Artigo de Verussa Ribeiro, sub-editora da Metamorfose Comunicação